Pé de Livro - Maiá Gozzano

domingo, 15 de agosto de 2010

Paisagem

A paisagem urbana da terra rasgada acordou modificada este domingo. No meio de tantas outras mais verdes e mais frondosas, a pequena árvore de Pé de Livro chamou muita atenção. Colorida, mágica, sonhadora, poeta, linda.
Não havia quem não desviasse o olhar para ela, mesmo que discretamente, com o 'rabo do olho'. Os mais curiosos e menos tímidos se aproximavam. Era aí que começavam a brotar os sonhos, um a um.
Acompanhe a trajetória de cada palavra colhida nesse domingo. Frutifique.

Desfrute a leitura da sua colheita.
Abraço
Plantador S.

Primeiro livro plantado. Ainda era noite.



O dia começava a clarear e a árvore começava a ganhar as primeiras palavras


Mãos sonhadoras plantam poesia



O sol começava a surgir e o Pé de Livro já estava quase pronto


Paisagem começa a ficar modificada


Enfim, o sol


Uma árvore com uma sombra diferente


Detalhes finais


Pronta - e linda, no meio de tantas outras.


No começo da noite, com praticamente todos os livros colhidos.
Obrigado a todos que participaram da primeira colheita.




Durante o show, início da colheita


Quando começou o show no Campola, eu estava lá. Fazendo cara de paisagem, pois a ideia era ver como as pessoas interagiam com os livros, com a árvore.
E como ela foi fotografada!! Muita gente ficou assim, lendo, lendo, olhando todos eles, lendo o marcador, e ninguém se habilitava a colher.
Já estava achando que faltava um cartaz dizendo "colha seu livro, plante seu livro", afinal a ideia é que as pessoas colham os livros, mas também usem as fitas para plantar...quando uma família começou a rodar diante do "Pé de Livro".
Pai, mãe e uma garotinha (acho).
A menina: - Olha, o folclore sorocabano! (e folheia que folheia o livro de Carlos Cavalheiro).
Minha atenção volta-se para o palco e quando volto a olhar para a árvore, eis que a mulher está colhendo o livro da também sorocabana Juliana Simonetti, Travessia.
Desculpe o bairrismo, mas nada podia ser mais comovente do que ver que entre tantos livros expostos - e estavam lá ainda os quase 50 -  a família escolher os de autoria de dois sorocabanos, o Folclore e Travessia.
Logo depois uma outra mulher, chega perto da árvore, olha, lê o marcador e colhe seu livro com segurança.
Quando ela passa por mim, com roupa de caminhada, tento descobrir o título, mas não dá.
Logo adiante, ainda olhando para ela, noto que ela se abaixa e recolhe uma garrafa de suco que alguém jogou no chão e coloca na lixeira.
Adorei! Aposto que podemos contar com ela nas próximas plantações/colheitas.
Fiquei com o coração apertado de ver tantos marcadores no chão (temos que descobrir um jeito que eles não se desprendam com um vento semelhante ao de hoje).
Vou-me chegando perto da árvore e recolho 5 marcadores, começo a colocar nos livros órfãos. Tem um livro tão alto que peço ajuda a um homem bem alto que estava lá, recolhendo o seu "Auto da Barca do Inferno". (quanto alto/auto aqui). Ele gentil, recoloca enquanto seguro seu livro.
Continuo olhando e uma moça me pergunta: - Será que pode pegar?
E eu, como jurei não influenciar em nada, respondo que não sei, mas tem uma explicação no marcador, e é minha deixa pra começar a ler e me distanciar. Ela escolhe um livro e leva até mesmo a fita, que graça.
Foi bom demais observar o primeiro dia, mas agora, já de noite, não sei se todos foram colhidos, não voltei lá e não sei ainda se algum dos plantadores voltou. É o risco que se corre, sempre.
Mas já estamos planejando  a próxima plantação.
Se você colheu um livro, escreva-nos.
Se quer doar um livro para a próxima plantação, escreva-nos.
Se quer saber onde será a próxima, escreva-nos ou nos siga no twitter.
Divulgue essa ideia, plante você também.
Liberte um livro da sua estante. Deixe que alguém partilhe das palavras contidas nele.

Plantador E

A primeira que parou

Girou, girou, folheou os livros, leu um pouco de cada um e foi embora sem levar nada.
Acho que ficou com pena de desarrumar nosso presente para a cidade.

Embriagados de poesia

Lendo poesia
Ainda era escuro quando chegamos. Alguns carros passavam, um homem montava sozinho o palco para o show de logo mais. Munidos de tesoura, cola e um arremessador de fitas especial, começamos o trabalho.
O primeiro livro foi muito especial e mereceu fotos e aplausos.
Estávamos extremamente felizes e excitados.
Levamos uma garrafa de café e torta de banana. Tinha até uma toalha vermelha xadrez, mas achamos que seria um pouco forte fazer um verdadeiro piquenique durante a plantação.
Mas sem dúvida o que vai ficar na memória de todos foi o aparecimento do "Quizz Man", o que seja lá que venha a ser isso.
Era um andrilho, cheio de sacolas de  material reciclagem que perguntou se não tinha problema ficar por ali.
Não  tinha. Ficou. Perguntou se era filmagem. Foi ficando e contando que já foi convidado para programas de tv.
Foi embora com a pérola: "É mais tarde o show, né? Volto depois, se precisar de mim é só falar, eu sou um quizz man, tô sem equipe aqui, mas eu me garanto. Sozinho mesmo dou o meu recado, tamos aí!"
Tamos aí, nós também.
A gente não sabe que horas começou o "show". Depois de colocar todos os livros, lemos poesia, meio tímidos. Não era timidez de falar em público, era timidez de dizer para o plantador do lado que estava feliz e que valia a pena, e que bom estarmos ali, pulado da cama cedo ou nem mesmo ter dormido só para viver aquele momento.
Tomamos café e comemos a torta.
Foi difícil sair de perto da nossa árvore sequinha, talvez a mais linda-feia do parque. E fomos. Adiamos a distância, com um café logo ali. Alguém sugeriu ir a pé, só pra ter como voltar e ainda vê-la mais uma vez.
Fomos, tomamos café, vimos as manchetes dos jornais e voltamos.
Ela ainda estava lá. Intacta.
Um marcador de livro caiu. Alguém foi lá e recolocou.
Fomos embora.
Mas já no final do caminho, eu e T voltamos. Ai que dó de não ver. Ai que curiosidade de ver.
E ficamos. De longe. escondidos, Olhando.
Olhamos as pessoas passarem ao largo como se uma árvore seca embelezada de livros fosse invisível.
E elas passavam correndo, caminhando e nada.
A nossa árvore na paisagem urbana,  nosso presente para a cidade que amanheceu mais velha ficou lá.
Até que a mulher chegou... nosso coração a mil. Será que ela pega, será que ela gostou, será que ela  viu?
Ela viu, ficou meia hora rodando em volta da árvore, lendo livro por livro (e foram quase 50) recolheu do chão 4 marcadores que caíram, e enlaçou novamente os marcadores em seus livros.
Rodou, rodou e rodou, feito criança em loja de doce.
E continuou sua caminhada. Sem recolher um livro, sem escolher mesmo aquele em que ficou um tempão  lendo.
Não sabemos se voltou depois ou se mais pessoas já passaram por lá.
Sabemos que a plantação foi boa. E esperamos que a colheita também seja.
Até vamos voltar para o show.
E vamos fazer cara de paisagem e achar a coisa mais normal do mundo, uma árvore amanhecer assim, tão linda.


Feliz Aniversário, terra rasgada.

Plantador E.

Quando terminamos,ninguém tinha coragem de sair de perto dela

E ficou assim nossa primeira plantação

sábado, 14 de agosto de 2010

Plantadores, estamos certos em sonhar

Plantadores

Se alguma dúvida surgir nas horas que faltam, se acharem que estão sendo sonhadores demais, bobos demais, encontrei dois senhores bem legais, cada um em seu tempo, cada um com seus ideais e sonhos, que sopraram uns versos para compartilhar com todos vocês.

O primeiro é Castro Alves e suas palavras vem desde o século 19 nos alcançar.

"Oh! Bendito o que semeia

Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
Castro Alves em O Livro e a América (Espumas Flutuantes, 1870)

O outro é Raul Seixas, que os mais velhos puderam ver nos áureos tempos, ainda no século 20.

"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade."


boa noite a todos
Plantador E

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Menina lendo - Inha Bastos
Estamos nos preparando para a madrugada de plantar os livros.
Já tem fitas de cetim, um desenho para simbolizar nosso projeto, os livros separados das estantes e arrecadados dos amigos e muita disposição para espalhar as palavras.
A cidade vai amanhecer mais velha, mais bonita e mais poética.
Quer se tornar um plantador?
Escreva pra gente e prepare-se para colher emoções.

Os plantadores

Somos pessoas que resolveram plantar livros pela cidade. A ideia é inseri-los na paisagem, transformar mentes com esse contato, e acreditar que serão devolvidos, depois de lidos, para esses mesmos espaços públicos.
Além dos primeiros livros, esperamos que a iniciativa frutifique, e que cada vez mais pessoas resolvam tirar seus livros da clausura de suas estantes e bibliotecas e coloquem na roda-viva de mãos e mentes o conhecimento, a poesia e a emoção de suas páginas.
Venha plantar com a gente. Entre em contato. pedelivro@gmail.com

A título de boas vindas

"Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende"
Leonardo da Vinci